Sem aulas

Começa a greve na educação

Primeiro dia de paralisação em Pelotas foi marcado por uma adesão parcial das escolas estaduais

Carlos Queiroz -

Carlos Queiroz 82082Salas de aula do Assis Brasil ficaram vazias na tarde desta segunda-feira (Foto: Carlos Queiroz)

No primeiro dia de greve da rede estadual em Pelotas foi possível observar educandários que aderiram totalmente ao movimento, outros parcialmente e ainda os que decidiram por seguir com as atividades. A posição foi tomada para tentar barrar o pacote de medidas apresentadas pelo governador Eduardo Leite (PSDB), que, se aprovado, impactará o plano de carreira do magistério e os aposentados.

O Instituto Estadual de Educação Assis Brasil (IEEAB) está com as atividades paralisadas parcialmente. Dos 130 docentes, seis compareceram no turno da manhã e oito no da tarde. Esses números mostram que apenas os alunos do Pré ao 5° ano não tiveram suas aulas suspensas. O que explica o diretor-geral da escola, Fábio Padilha, é que daqui uns dias não haverá serviço de manutenção para essas crianças, pois os funcionários também aderiram à paralisação. "Quem irá limpar o lixo produzido? Quem deixará a escola limpa?", questionou.

No IEAAB haverá uma reunião com funcionários e professores na tarde desta terça-feira (19) para dialogar sobre o rumo e a adesão da greve. Na oportunidade, serão discutidos os serviços administrativos e de manutenção nesse período. Além disso, o momento contará com a presença do diretor do 24° núcleo do Cpers-Sindicato, Mauro Amaral, para esclarecer possíveis dúvidas sobre o pacote de medidas proposto pelo governo estadual.

Padilha espera que o educandário mantenha sua tradição de luta em favor da educação e pare totalmente com as atividades. Para ele, se as medidas forem aprovadas não terá como motivar um professor a entrar dentro da sala de aula. "Irão prejudicar toda a nossa carreira profissional". Responsável por uma escola que hoje abriga 1.418 alunos, o docente afirma que se existe alguém que não é culpado pela crise do estado, esse alguém é o professor. "Antes nossas lutas eram por salários melhores, hoje a gente só quer receber", completou.

No Colégio Estadual Cassiano do Nascimento, que também está com as atividades parcialmente paralisadas, a diretora-geral Deise Bonnel Amado acumula dezenas de folhas em cima da mesa para conseguir organizar as aulas da semana. Por lá, a situação é semelhante à do Assis Brasil, pois do 1° ao 4° ano as aulas seguem normalmente, já os outros anos e o Ensino Médio tiveram a maioria das atividades paralisadas. Grande parte dos professores que optaram por não aderir ao movimento são os contratados, pois como não possuem vínculo com o estado por meio de concurso público temem uma represália, como por exemplo o corte do ponto.

O que diz a 5° Coordenadoria Regional de Educação (5° CRE)

De acordo com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação, das 98 escolas da coordenadoria de Pelotas, 21 declaram estarem parcialmente paralisadas e outras 21 com todas as atividades suspensas. O restante segue com a calendário normalmente. Ainda existem educandários que não informaram sua situação, pois estão decidindo através de reuniões nos próximos dias.

O que diz o Cpers-Sindicato

O diretor do 24° núcleo, Mauro Amaral, conta que a adesão para o primeiro dia de mobilização foi acima do esperado. Essa semana será marcada por diversas escolas que ainda irão se reunir para tomar as decisões. "Esperamos uma adesão ainda mais significativa", disse.

O 24° Núcleo ainda não sabe mensurar em números a adesão, pois o levantamento segue está sendo feito. O próximo passo da categoria será uma plenária de greve, que ocorrerá nesta terça-feira, às 15h, no Sindicato da Alimentação de Pelotas. Na quarta-feira, às 10h30min, está marcada uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores, que discutirá o pacote de medidas.

Desde esta segunda-feira os representantes do Cpers seguem na luta por adesão a greve. O grupo organizou um calendário de visitas nas escolas que estão funcionando, para assim, dialogar com os colegas e tentar convencê-los de somar ao movimento.

Conheça alguns pontos que geraram a greve

- Achatamento da carreira: No atual Plano de Carreira, a diferença do salário básico entre o topo e o início da trajetória profissional é de 200%. A proposta elaborada pelo governo prevê apenas 52%. Entre o nível médio e o doutorado, sem alteração de classe, o projeto prevê só 7% de aumento. Em outros estados brasileiros a diferença entre o topo e o início da carreira é bem mais elástica, inclusive, em relação ao Plano que está em vigor no Rio Grande do Sul: no Paraná 364%, em Minas Gerais 291% e no Ceará 266%.

- Piso do Magistério: As vantagens serão integradas ao básico para mascarar o pagamento do Piso e o valor excedente transformado em parcela autônoma, que não sofrerá reajuste e perderá valor real com cada alta da inflação. Pior: eventuais aumentos do básico serão descontados da parcela autônoma, condenando grandes segmentos da categoria ao congelamento de seus contracheques até que toda a parcela seja integrada ao básico.

- Fim das vantagens temporais: triênios, quinquênios e avanços para professores e triênios e quinquênios para funcionários de escola.

- Difícil acesso apenas para escolas do campo.

- Fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria.

- Aumento da contribuição para a aposentadoria.

- Fim do abono de falta para participação em atividades sindicais.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Cejusc é inaugurado no Foro Trabalhista de Pelotas Anterior

Cejusc é inaugurado no Foro Trabalhista de Pelotas

Sarampo tem nova etapa de vacinação Próximo

Sarampo tem nova etapa de vacinação

Deixe seu comentário